Casa da Chuva Uberlândia

Por: Cynthia de Oliveira Frank

Afinal, o que é húmus?

É o produto da decomposição de restos vegetais, que se forma na superfície do solo de florestas e matas. A estes restos vegetais juntam-se também, em menor escala, matéria de origem animal. Podemos dizer também que o húmus é uma espécie de composto orgânico naturalmente produzido pelas próprias plantas.
Já o húmus de minhoca é o esterco da minhoca, produzido a partir de seus excrementos.

Por que a maioria das indicações de adubação só se refere às necessidades de nitrogênio, fósforo e potássio?
Esses três elementos, também chamados de macronutrientes, são os mais exigidos por qualquer planta, por isso esgotam mais rapidamente no solo. Mas isso não quer dizer que sejam absolutos.

Qual a função do cálcio, magnésio e enxofre?
O cálcio (Ca) atua no crescimento e funcionamento das raízes e seus pelinhos absorventes. O magnésio (Mg) é um constituinte da clorofila e formador de açúcares. E o enxofre, por ser um componente essencial de todas as proteínas, ajuda a manter o verde sadio das plantas.

E quais são os outros micronutrientes?
São elementos químicos como o ferro (Fe), boro (B), zinco (Zn), cobre (Cu), molibdênio (Mo), cloro (Cl), manganês (Mn), silício (Si) etc., que também são fundamentais para o perfeito desenvolvimento das plantas. Tudo funciona em conjunto. Não podemos prescindir de um elemento em favor de outro.

Quais são suas funções?
As funções desses elementos estão ligadas a processos metabólicos como formação de proteínas e clorofila, transporte de substâncias, respiração e fotossíntese.
Existe inclusive uma relação de sintomas das plantas com a carência ou desequilíbrio dos micronutrientes.

Onde encontrar esses micronutrientes?
De duas maneiras: em lojas de produtos agrícolas, porém, para saber qual elemento utilizar e qual a dosagem é necessário conhecer exatamente o estado em que se encontra a terra de sua plantação. Para isso você pode recorrer a uma análise de solo ou foliar. Existem empresas especializadas nesse serviço.
Uma outra forma, mais simples, de encontrar esses elementos é por meio da adubação orgânica. Através dela, todos esses minerais se apresentam naturalmente de forma adequada e balanceada para nutrir os vegetais e a saúde de todos. A compostagem orgânica, o uso de esterco animal, do húmus, do bokashi (uma espécie de farelo/mistura, resultado da decomposição de produtos de origem vegeta e animal) são alguns exemplos que contêm micro e macro nutrientes.

Qual a época certa para adubar?
Final de agosto/setembro, novembro/dezembro, podendo-se estender até o final de fevereiro. De abril a julho aproximadamente, ocorre uma espécie de recolhimento em toda a vida vegetal, época desfavorável para a absorção de nutrientes. Isso não quer dizer que não possamos adubar uma planta durante o inverno. É apenas uma regra geral que depende de observação e bom senso.

Alguma dica básica que auxilie essa nutrição?
Antes de adubar, molhe levemente o solo para que possa absorver os nutrientes. Após incorporá-los, volte a regar suavemente. A água é o condutor principal dos sais minerais para todas as partes das plantas, além de dissolver eventuais excessos de adubos que possam prejudicar as raízes.

E a tão falada cobertura vegetal. É mesmo necessária?
Sim, e muito. É ela que protege a adubação mantendo os nutrientes em seu lugar e potencializando a matéria orgânica que, mantendo-se viva e ativa, fortalece o solo e as plantas diminuindo a incidência de pragas e doenças. Além disso, sem cobertura o solo endurece e torna-se menos permeável, tornando a infiltração e retenção de água muito mais difícil. Por manter a umidade a cobertura permite ainda diminuir os efeitos da estiagem e os gastos com a irrigação.

Receitas de Nutrição:

Cascas de banana com cascas de ovos:
Nessa mistura supersimples estão presentes o potássio da banana e o cálcio das cascas de ovo. O potássio fortalece a imunidade e o cálcio melhora a estrutura da planta como um todo.  Deixe as cascas de banana secarem à sombra e pique-as quando estiverem crocantes. As cascas de ovo devem ser lavadas e secas ao ar livre (não ao sol). Depois, triture-as com as mãos e misture com as cascas secas de banana. Você pode incorporar esse adubo doméstico à terra dos vasos e das plantas em geral.

Bio fertilizante

Os fertilizantes líquidos e caseiros são de muita ajuda para adubar corretamente o solo. A receita a seguir é para um tambor aberto de 150 litros. Você pode adaptar os itens com o tamanho do recipiente que tiver disponível. Neste preparado não entram os cítricos.

Veja os ingredientes:

  1. 100 litros de água (o vasilhame é de 150 l, mas precisamos de espaço para mexer o preparado).
  2. 8 kg de esterco bovino (não procedente de gado tratado quimicamente).
  3. 2 kg de melado de cana ou açúcar mascavo, de preferência orgânico.
  4. 3 kg de cinza de madeira (não de churrasqueira por conter sal) parceladas em seis vezes, de cinco em cinco dias.
  5. 1 kg de fosfato natural ou pó de rocha
  6. 1 litro de leite de vaca (preferencialmente não tratada quimicamente).

Nessa etapa você pode optar por agregar à receita, plantas que enriquecem o adubo líquido, trazendo “informações” nutricionais e vitalizantes. Exemplos:
Fonte de nitrogênio: feijão mucuna, feijão de porco, guandu, tremoço, etc.
Fonte de silício: milho, sorgo, milheto, aveia, centeio, etc.
Hortaliças: apresentam na sua constituição vários nutrientes como cálcio (alface), enxofre (repolho), ferro (espinafre), além de vitaminas e minerais.
Plantas espontâneas e medicinais, como caruru, beldroega, carqueja, tanchagem, etc. Esses vegetais possuem nutrientes muitas vezes mais vitalizados do que os que se encontram nas plantas cultivadas. Além disso, muitos deles contêm hormônios, como a tiririca, rica em auxina que auxilia o enraizamento.

Como proceder?
Use uma, duas ou várias dessas plantas ao mesmo tempo, sendo 1 kg ou menos de cada. Colete as mais novas e vigorosas – de preferência aquelas retiradas do solo onde se pretende utilizar o biofertilizante. Corte-as em pequenas partes. Mergulhe-as no preparado.
Obs: os abacaxis e as abóboras (triturados ou bem picados) também são excelentes componentes para esse tipo de adubo.

Os passos seguintes:

  1. Coloque e mexa todos os ingredientes, menos a cinza que não será adicionada no momento do preparo. Ela entrará de 1/5 em 1/5 kg (ou em quantidade proporcional ao tamanho do seu vasilhame) no quinto dia, no décimo, no décimo quinto, no vigésimo, no vigésimo quinto e no trigésimo dia, quando o adubo já estará pronto.
  2. O biofertilizante deve ser deixado à sombra e mexido uma vez ao dia para o ar circular e a fermentação ser totalmente aeróbica. Como o recipiente ficará aberto, para evitar moscas você pode cobri-lo com uma tela.
  3. Em 30 dias o adubo estará pronto para ser utilizado no solo, semanal ou quinzenalmente, com diluição de 20% do preparado para 80% de água. Caso a adubação seja foliar, use apenas 1 a 3% do biofertilizante para o restante de água.
  4. Opção para tratamento de sementes: diluição a 1%. Mergulhe as sementes por 30 minutos na solução. Em seguida, seque-as à sombra e plante de imediato.

QUEM CUIDA DO SOLO, CUIDA DA BASE DA VIDA

Quando a sua terra tiver recebido os cuidados essenciais, ela vai se auto regenerar, pois a maioria dos elementos estará equilibradamente disponibilizada, como acontece com a terra das florestas e matas.

Em consequência, todos os que forem por ela nutridos terão mais saúde e vitalidade, alimentando-se corretamente.

 

Créditos: Trapp

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